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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O futuro da Ásia: turbulento, mas geralmente favorável

Os analistas preveem grandes mudanças na Ásia em 2014. Os EUA perdem a sua liderança incontestável na região, se tornando em apenas primus inter pares (primeiro entre iguais). Uma consequência direta da saída das forças aliadas do Afeganistão será a ameaça do surgimento de confrontos armados localizados. A região da Ásia-Pacífico e o Sudeste Asiático se estão transformando num grande centro de negócios a nível mundial.

O ano que terminou quase se tornou num ponto de partida para novas operações militares de grande envergadura na região do Oriente Médio. A manobra diplomática atempada da Rússia para a destruição do arsenal de armas químicas da Síria neutralizou a base ideológica dos adeptos de uma intervenção militar nesse país. Os passos moderados da nova direção do Irã resultaram numa redução da tensão existente nas relações entre Teerã e o Ocidente. Contudo, a situação na Ásia continua extremamente explosiva e os centros dessa instabilidade não se encontram apenas no Oriente Médio, refere o perito orientalista do Instituto de Análise Estratégica Serguei Demidenko:

“Sem dúvida que a Ásia está à beira de grandes mudanças. A situação no Afeganistão se está agravando e, se considerarmos a retirada das tropas norte-americanas desse país, eu penso que a situação irá ficar ainda mais complicada. O mais certo é o país ficar de novo no limiar da guerra civil e toda essa região ver agravada a sua situação política. A situação também é muito difícil no Iraque, o qual continua a balançar à beira de uma guerra civil. Ainda não foi retirada da agenda a questão da possível divisão desse país em três parcelas: uma parte curda, outra xiita e mais uma sunita. A Líbia deixou de existir como Estado. Na Síria a situação é muito difícil… Este é o ponto crucial, nele converge toda a região do Oriente Médio. Também o futuro político e econômico do Egito se apresenta complicado: é muito difícil apresentar um modelo socioeconômico para um país com uma população tão numerosa e um potencial econômico tão insignificante”.

A situação política na região mudou muito ao longo do último ano. No Oriente surgiram novas forças e os EUA, que até há bem pouco tempo eram o líder incontestável dos jogos geopolíticos asiáticos, são obrigados a atuar tendo em conta as novas realidades. Nos últimos tempos muitos países do Golfo Pérsico e a Turquia atingiram um determinado grau de autonomia econômico-financeira, as suas elites se associaram de uma forma direta à elite financeira ocidental. O comportamento desses países mudou de uma forma correspondente na cena internacional: se antes eles alteravam as suas políticas conforme as ordens de Washington, agora os norte-americanos têm de recorrer a complexas manipulações para convencer os seus parceiros a seguirem o rumo determinado pela Casa Branca. Isso não significa, porém, que os EUA tenham perdido a sua influência na Ásia, considera o perito do Centro de Segurança Internacional (do IMEMO) Piotr Topychkanov:

“Eu penso que, por comparação com 2013, os EUA não irão perder a sua influência. A sua estratégia para o ano de 2014 define uma transferência das suas atenções para a Ásia – tanto no plano econômico, como no plano militar. Isso abrange a localização dos grupos de porta-aviões e o desenvolvimento das relações militares com os países asiáticos. Os EUA planejam proceder a tudo isso e é completamente evidente que eles não tencionam abandonar essa área. Os EUA continuarão a representar um dos fatores fundamentais na política, no comércio e na segurança dos países asiáticos”.

Os interesses dos Estados Unidos estão se deslocando cada vez mais do Oriente Médio para a Região da Ásia-Pacífico (RAP). Já a Rússia, pelo contrário, participa cada vez mais ativamente nos assuntos da “reserva de petróleo” do planeta, aproveitando as circunstâncias de a situação na Ásia Central, esse eterno ponto vulnerável para Moscou, ser por enquanto relativamente estável. Também o terceiro protagonista global, que é a China, não desdenha se aproveitar do comportamento de “um elefante em loja de porcelana”, que foi longamente o papel desempenhado por Washington no Oriente Médio. Os EUA, ocupados com a chamada revolução de xisto no seu próprio país, já não sentem a antiga forte necessidade de manter parceiros tão problemáticos como a Arábia Saudita e o Qatar. Estes, por seu turno, começam a procurar garantias para a sua segurança nas capitais de outros países.

O interveniente regional menos previsível, a Coreia do Norte, está em certa medida sob controle do seu “grande irmão” que é a China. Assim, por enquanto não devemos esperar um agravamento sério da situação. Pequim irá paulatinamente reforçar o seu potencial econômico e militar para manter a sua liderança na RAP. Já os Estados Unidos, se aliando aos seus adversários, irão tentar conter esse processo. A Rússia, na opinião dos analistas, deverá seguir uma política mais flexível. Por um lado, na maior parte das questões geopolíticas Pequim alinha como aliado de Moscou. Por outro lado, um reforço exagerado das posições da China na Região da Ásia-Pacífico poderia, hipoteticamente, representar uma ameaça para o Extremo Oriente da Rússia.

Em geral, de acordo com a opinião de uma série de politólogos, neste momento está se processando a primeira grande reformatação do mapa asiático desde o desmembramento da URSS. Nas atuais condições, os EUA terão cada vez mais dificuldade em marcar pontos. Isso mesmo foi comprovado por todo o mundo com o exemplo das últimas rondas diplomáticas em que os norte-americanos participaram sobre a Síria, o Irã e o Afeganistão.

Voz da Rússia

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