O governo do Japão resolveu acabar até o ano de 2040 com utilização da indústria nuclear de geração de energia. A renúncia ao uso de centrais atômicas pode custar ao país 40 bilhões de dólares por ano.
Será precisamente este o valor que o país terá que pagar pelas aquisições complementares de hidrocarbonetos no estrangeiro.
A decisão do governo japonês foi tomada um ano e meio depois da catástrofe da central atômica de Fukushima-1. Alguns políticos de Tóquio já manifestaram o seu descontentamento com esta medida discutível do governo, pois o Japão já agora depende muito do fornecimento de petróleo e gás do Oriente Médio, - uma região bastante instável. A renúncia a centrais atômicas vai apenas aumentar a vulnerabilidade do País do Sol Nascente.
O mundo de negócios do Japão também está descontente. Afirma-se que a transição para os combustíveis fósseis e fontes de energia alternativas, - por exemplo, a energia solar ou eólica, - irão aumentar as despesas e abaixar a competividade dos produtos japoneses em uma altura em que o país já se encontra à beira da estagnação.
Mas, a julgar pelas pesquisas da opinião pública, mais da metade dos japoneses exige o fechamento das centrais atômicas. É esta a principal razão da atual decisão do governo japonês que perde inexoravelmente a popularidade entre os eleitores.
O redator – chefe da revista Energia Atômica Oleg Dvoinikov está convencido de que a renúncia do Japão à utilização deste tipo de energia é um tributo ao populismo.
"Esta declaração é destinada às pessoas descontentes com os eventos que se deram na ilha de Fukushima. Vai passar algum tempo e a indústria nuclear de geração de energia será reabilitada aos olhos dos japoneses. Creio que não irão abandonar totalmente a esta matriz energética pois a própria renúncia à indústria nuclear de geração de energia vai implicar grandes gastos”.
No Japão verifica-se agora uma certa alergia a centrais atômicas. O nível elevado de radiação na zona da central atômica avariada de Fukushima-1 fez com que mais de 160 mil pessoas abandonassem os seus lares. A população do país, habituada à limpeza e à segurança, sentiu um choque psicológico. Por isso, dezenas de milhares de japoneses participam de manifestações antinucleares. O acadêmico Leonid Bolchov, diretor do Instituto de Desenvolvimento Seguro da Indústria Nuclear de Geração de Energia, afirma que esta situação na opinião pública do país é um fenômeno temporário.
"Não creio que o Japão esteja pronto a renunciar à energia atômica até o ano 2030 ou 2050. Outrora, depois da catástrofe de Tchernobil, a Itália tomou a decisão precipitada de renunciar ao uso de centrais atômicas. A Suécia também resolveu renunciar a este modo de produção de energia, mas deixou isso para mais tarde. Depois disso, a sociedade conscientizou que, sem as centrais atômicas, a economia iria por água abaixo. Os suecos levaram a cabo um referendo e a maioria concordou que era preciso continuar a utilizar as centrais atômicas".
No mundo verificam-se as mais diversas atitudes para com este tipo de energia. A Alemanha anunciou que vai fechar todas as centrais atômicas até o ano de 2022, a Itália também renunciou a centrais atômicas mas importa energia elétrica da França vizinha, onde a cota-parte da indústria nuclear de geração de energia supera os 40%. Quanto aos países asiáticos em franco desenvolvimento, estes nem pensam em renunciar à indústria nuclear de geração de energia.
Voz da Rússia
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